A interdisciplinaridade como ação afirmativa de mudança
O modelo biomédico -que ainda é o predominante- demonstrou ao longo dos anos que sua abordagem biologicista é insuficiente para abarcar as demandas da sociedade, seja ela desenvolvida ou em desenvolvimento. Como resposta a essa falha surge então um novo modelo que visa à atenção integral ao ser humano, não só como um portador de patologias, mas como um ser complexo integrado ao meio, sendo afetado por fatores sociais, psicológicos e ambientais. Desse modo, o SUS tenta alcançar tal modelo e assim busca não só a cura da doença, mas também a promoção da saúde.
Para que esses objetivos sejam alcançados na prática, há um longo caminho a ser percorrido. Embora a legislação que rege o SUS seja muito avançada, os entraves ao avanço da práxis necessitam a ser contornados por ações que visam uma mudança na integralidade primeiramente na prestação de serviços de saúde. Como alavanca propulsora de mudanças a interdisciplinaridade propõe um compartilhamento de conhecimentos tanto no âmbito prático como no teórico e de diferentes pontos de vista, para que haja um maior vínculo entre os profissionais que compõe a equipe de saúde e desta com a comunidade.
Concomitantemente, a interdisciplinaridade é pensável em termos de poder. Ela não anula as formas de poder que todo o saber comporta, mas exige a disponibilidade para partilhar um saber e um poder que se tem consciência de não ser proprietário. Trata-se de não ocultar o seu próprio saber/poder, mas, ao contrário, torná-lo discursivo e acessível à compreensão de outros para que possamos ter uma saúde pública democrática e popular.
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